18 de agosto de 2009

O ser ético

A sociedade hodierna vive uma crise moral. Diariamente recebemos notícias de corrupção, fraudes e falta de decoro dos nossos políticos, um verdadeiro mar de lama. O Estado que temos hoje está para satisfazer interesses privados de grupos dominantes e não para o bem comum da população em geral. O capitalismo selvagem também tem atropelado a ética, onde o fim é o lucro a qualquer preço, mesmo à custa de sonegação de impostos, fraude fiscal e agora temos as empresas que trabalham com importadoras “de fachadas” para burlar também a fiscalização e facilitar a lavagem de dinheiro.


A falta de inteireza moral vindo de todos os lados parece estar adormecendo o espírito das pessoas. Elas estão como que anestesiadas, creio que perdemos a capacidade de nos indignar, de raciocinar criticamente, de refletir sobre o bem e o mal, sobre o certo e errado. Ao contrário de uma atitude de protesto, as pessoas incorporam, cada vez mais, a lei da vantagem, o que importa é se dar bem. Justificando seus atos com o velho conceito que “todo mundo faz isso”. Em o nosso cotidiano, nas empresas, no trabalho, não é raro encontrar pessoas com atitudes antiéticas como: tentar “passar a perna” no colega; omitir informações, centralizando apenas para si; falta de coleguismo; discurso diferente da prática e das ações; atitudes desarmoniosas como a fofoca e mentiras para sujar a imagem do outro; autoritarismo entre outras atitudes que geram um clima difícil de conviver, pois onde não há ética, não há respeito ao próximo.

Pensar em ética, é pensar em mudanças na sociedade, é pensar nos valores que norteiam o comportamento das pessoas. Como esperar que um indivíduo seja ético, se ele não tem uma consciência moral?! Sua própria consciência não o condena, uma vez que age em prol de satisfazer seus próprios interesses e adquirir vantagens pessoais. Se o homem atual está mais egoísta, como poderá, pois buscar não apenas o seu bem estar, mas o dos outros? Onde irá buscar o bem? Dentro ou fora de si mesmo? Nas normas de uma sociedade corrompida nos bons costumes? Difícil não?!

Embora a sociedade esteja em crise, acreditamos que sempre é possível fazer a diferença, a qual deve começar em casa, na orientação aos filhos, desde cedo; nas empresas, mediante relações pautadas em justiça entre empregado e patrão, chefe e subordinado e vice-versa e das empresas para com a sociedade. Havemos de considerar que um comportamento ético favorece a todos os envolvidos. Cristo nos ensina a ser diferentes: “Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? “Vós sois a luz do mundo [...] Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” (MATEUS 5: 13-16). O ser ético tem integridade de caráter. Devemos pois andar em conformidade com a justiça, ser diferente nas atitudes, no dia a dia, na maneira de falar, no proceder ... e assim como o sal modifica o sabor dos alimentos, não devemos nos conformar com este mundo mas lutar para transformá-lo. Na dúvida, basta lembrar do velho ditado “Não faça aos outros aquilo que você não deseja para si” ou “aja com os colegas como gostaria que agissem com você.”

Ively Almeida

2 comentários:

Solange Carvalho disse...

Fantástico! o texto capta a essência da ética. Não importa o quanto o mundo esteja perdido, cada um deve fazer a sua parte numa luta coletiva, mas primeiramente individual pela transformação do mundo. Procurar fazer a diferença tem tudo a ver com o ser ético.

Solange Carvalho/Fundaj

Pedro Manoel disse...

A ética é uma espécie de corrente interligada com outros itens importantes de sua própria sustentação. A ética está diretamente ligada a moral, seja individual ou coletiva. E essa, por sua vez, está ligada a educação pessoal e social. Indivíduos corretamente educados respeitam naturalmente o outro e a sociedade na qual está inserido. Há um cuidado natural em não ultrapassar os limites da boa convivência em sociedade e para tanto, não é preciso seguir nenhum código de ética, pois o bom senso se encarrega de agir. Com a atual crise ética na sociedade, especialmente os políticos, proliferam códigos e comissões encarregadas de fiscalizar desvio de condutas que nada resolvem. As questões de desvios éticos são questões morais de cada indivíduo e estão arraigadas em práticas sucessivas sem qualquer autojulgamento e escrúpulo. A grande dificuldade das discussões éticas está justamente na compreensão dos conceitos do bem comum, da igualdade dos direitos, no respeito da pessoa humana
Grande abraço Ively!
Pedro Manoel